Fatores associados ao nascimento prematuro incidente, recorrente e termo precoce no Brasil

DISCENTE : ALINE DOS SANTOS ROCHA
DATA : 30/03/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Hibrído
TÍTULO:
FATORES ASSOCIADOS AO NASCIMENTO PREMATURO INCIDENTE, RECORRENTE E TERMO PRECOCE NO BRASIL
 
 
Introdução: Os resultados neonatais variam dependendo do momento do parto e consequências adversas ao nascimento podem ser observadas a curto e ao longo prazo entre os nascimentos prematuros (NP) e termo precoce. O NP é uma síndrome complexa resultante de fatores que incluem os sociodemográficos, psicossociais, nutricionais, comportamentais e biológicos. Contudo, um NP anterior é considerado o preditor mais importante para um NP subsequente. Estudos vem apontando também que os fatores associados ao nascimento TP são semelhantes ao do NP, com destaque para cesariana (CS). Embora vários estudos tenham examinado os fatores de risco associados ao NP recorrente, são escassos os estudos que avaliam, ao mesmo tempo, os fatores associados ao NP incidente e recorrente. Estudos que avaliam a associação entre CS e nascimento termo precoce também são limitados, sobretudo em países de baixa e média renda. Objetivo geral: Avaliar os fatores associados ao NP incidente, recorrente e termo precoce entre os nascidos vivo do Brasil. Objetivos específicos: 1) Desenvolver um modelo teórico hierarquizado dos determinantes do NP; 2) Investigar a recorrência do nascimento prematuro na coorte de nascimento do CIDACS; 3) Explorar os fatores de risco para o nascimento prematuro de acordo com a idade gestacional do nascimento anterior (termo ou pré-termo); 4) Investigar a associação entre CS e nascimento termo precoce de acordo com a Classificação de Robson. Métodos: A Tese será apresentada na forma de 4 artigos de acordo com cada objetivo específico. No primeiro artigo foi proposto um modelo teórico hierarquizado dos determinantes do NP que descreve as inter-relações entre as variáveis que compõem cada nível de sua determinação (distal, intermediário e proximal). O segundo e terceiro artigo foram desenvolvidos com dados da Coorte de nascimentos do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para a Saúde (CIDACS), com base o modelo teórico desenvolvido no primeiro artigo. Esta coorte foi criada ligando dados do Sistema Nacional de Nascidos Vivos do Brasil (SINASC) e a linha de base da Coorte 100 Milhões de Brasileiros do período de 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2015. No artigo 2, o NP foi definido como um nascimento com menos de 37 semanas de gestação. Regressão logística multivariada foi utilizada para estimar a associação entre o NP na primeira gestação e o NP subsequente. No artigo 3, o NP incidente foi definido como nascimento vivo com idade gestacional inferior a 37 semanas de gestação e precedido de um nascimento à termo anterior. E o NP recorrente definido como nascimento vivo com idade gestacional inferior a 37 semanas de gestação precedido de um NP anterior. Foi utilizado modelo de transição longitudinal com regressão logística para investigar os fatores associados a incidência e recorrência do NP. Para o desenvolvimento do ultimo artigo, foi conduzido um estudo transversal de base populacional com os dados de rotina do SINASC, no período de 2012 a 2019. Mulheres em idade reprodutiva foram classificadas em um dos dez grupos de Robson com base nas características da gravidez e do parto. Foram utilizados scores de propensão para parear as mulheres que tiveram cesarianas com partos vaginais (1: 1) e regressão logística para avaliar associação entre cesariana e termo precoce. Resultados: No segundo artigo, foram avaliados 3,528,050 nascidos vivos. O odds ratio ajustado para a recorrência de NP foi de 2,58 (Intervalo de confiança de 95% [IC] 95% 2,33-2,62). A idade gestacional mais jovem no primeiro nascimento aumentou as chances de um NP subsequente (OR ajustada [aOR] <28 semanas 3,61; IC 95% 3,41-3,83; aOR 28 a 31 semanas 3,34; IC 95% 3,19-3,49; e aOR 32 a 36 semanas 2,42; IC 95% 2,38-2,47). Nascidos vivos de mulheres que tiveram dois NP anteriores eram mais propensos a recorrência do NP (aOR 4,98; IC 95% 4,70-5,27). A recorrência de NP foi mais provável quando o intervalo entre os nascimetos foi inferior a 12 meses. No artigo 2, diferentes fatores de risco para NP incidente e recorrente foram identificados. Foram associados a maior chance de NP incidente, mas não recorrente: superlotação domiciliar (aOR 1,09; IC 95% 1,07-1,10), raça/etnia materna (preta/parda - aOR 1,04; IC 95% 1,03-1,06; e indígena - aOR 1,34; IC 95% 1,24-1,44), idade materna jovem (14-19 anos - aOR 1,16; IC 95% 1,14-1,18) e parto cesáreo (aOR 1,09; IC 95% 1,08-1,11). Foram associados ao NP incidente e recorrente, respectivamente: estado civil solteiro (aOR 0,85; IC 95% 0,84-0,86 vs aOR 0,90; IC 95% 0,87-0,93), número reduzido de consultas de pré-natal  [(sem consulta - aOR 2,56; IC 95% 2,47-2,66  vs aOR 2,16; IC 95%  1,98-2,36) e (1 a 3 consultas - aOR 2,44; IC 95%  2,40-2,49 vs aOR 2,24; IC 95%  2,14-2,33)], intervalo curto entre nascimentos [(12 a 23 meses - aOR 1,04; IC 95%  1,02-1,06 vs aOR 1,22; IC 95%  1,17-1,26) e (<12 meses - aOR 1,89; IC 95%  1,80-1,98 vs aOR 2,58; IC 95%  2,38-2,79)] e idade materna avançada (35-49 anos - aOR 1,42; IC 95%  1,38-1,47 vs aOR 1,45;  IC 95%  1,33-1,58). Para a maioria dos fatores de risco, as estimativas pontuais foram maiores para PN incidente do que PN recorrente. No quarto artigo, foram avaliados 17,081,685 nascidos vivos. Os nascidos por CS tiveram maiores chances de nascimento termo precoce (aOR 1,32; IC 95% 1,32-1,32) em comparação com partos vaginais. As chances de um nascimento termo precoce variam entre os nascidos vivos de mulheres nos diferentes grupos de Robson. Os nascidos vivos por CS de mulheres em grupos com baixa necessidade clínica e taxa esperada de SC apresentaram as maiores chances de serem termo precoce, em comparação com partos vaginais: grupo 2 (aOR 1,50; IC 95% 1,49-1,51); e grupo 4 (aOR 1,57; IC 95% 1,56-1,58). Maiores chances de um nascimento termo precoce também foram observadas entre os nascidos vivos de mulheres do grupo 3 (aOR 1,30; IC 95% 1,29-1,31). Além disso, nascidos vivos de mulheres com CS em gestação anterior (Grupo 5 - aOR 1,36; IC 95% 1,35-1,37), com gestação pélvica única [(Grupo 6 - aOR 1,16; IC 95% 1,11-1,21) e (Grupo 7 - aOR 1,19; IC 95% 1,16-1,23)], e com gestações múltiplas (Grupo 8 -aOR 1,46; IC 95% 1,40-1,52) tiveram altas chances de nascimento termo precoce. Conclusão: Estes artigos apresentam informações importantes a respeito dos fatores associados ao nascimento prematuro incidente, recorrente e termo precoce no Brasil. Os resultados podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias de intervenção e implementação de políticas públicas que visem a redução do NP em uma gestação subsequente e a redução do número excessivo de cesáreas clinicamente desnecessárias que permitirão a redução do número de nascimentos termo precoce.
 
 
MEMBROS DA BANCA:
  • Interna - 287715 - RITA DE CASSIA RIBEIRO SILVA
  • Externo à Instituição - JORGE GUSTAVO VELASQUEZ MELENDEZ - UFMG
  • Externa à Instituição - ENNY SANTOS DA PAIXÃO
  • Externa à Instituição - MARIA DO CARMO LEAL - Fiocruz - RJ
  • Externo à Instituição - MAURICIO LIMA BARRETO - UFBA
 
Português, Brasil
Data da Defesa: 
quarta-feira, 30 Março, 2022 - 09:00